segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tailândia e Cambodja (Agosto 08)

Agosto de 2008 e tinha inicio mais uma viagem por terras asiáticas. Na bagagem levávamos a habitual ânsia de conhecer uma nova cultura e um novo país. Não prevíamos muitas dificuldades nem complicações de habituação para esta viagem. Sabíamos que a Tailândia é um dos países asiáticos em maior expansão e mais modernizados. Está perfeitamente preparada e voltada para o turismo e é um país excelente para quem se quer iniciar nestas aventuras asiáticas. Começa pela própria mentalidade assente na sua religião, de maioria budista, que confere aos tailandeses um dos povos mais cordiais, tranquilos e pacíficos que conheci. Sem serem muito calorosos são muito respeitadores, serenos e educados e viajar pelo país torna-se uma experiência muito tranquila e muito segura.






























Começámos por Bangkok, a capital. Tínhamos as primeiras 3 noites de alojamento marcadas pela net, para nos poupar alguma correria e tempo perdido. À chegada ao Boonsiri Place Hotel (muito bem localizado) pudemos constatar de imediato a serenidade da cultura Thai reflectida nas linhas direitas e sóbrias da própria arquitectura e decoração do quarto. Um verdadeiro prazer para os olhos e para a alma. Bangkok é uma vibrante cidade de 7 milhões de habitantes onde se misturam o tradicional com o mais moderno de toda a Ásia. Tem o movimento caótico de qualquer grande cidade asiática mas tem espaços muito mais calmos que nos permitem uma abordagem tranquila a esta cultura.


































A cidade é praticamente plana e atravessada pelo rio Chao Phraya e pelos milhentos canais e afluentes. Estes canais e o próprio rio juntamente com os seus barcos-bus tornam-se numa excelente opção para que nos possamos deslocar mais rapidamente e fugir ao trânsito intenso que pode ser demorado em muitas horas do dia. Outra opção poderá ser a utilização dos pequenos e barulhentos tuk-tuk que serpenteiam por entre os carros e autocarros, por vezes de modo algo assustador e que elevam o nivel de adrenalina. Pode ser confuso e stressante mas acreditem que é um autêntico mar de tranquilidade quando comparado com o caos das cidades indianas. Aqui devem sempre negociar o preço antes de subir para evitar alguns “abusos” e devem tentar recusar os muitos convites que alguns “pseudo-guias” vos possam fazer dizendo que vos mostrarão a cidade. A menos que tenham mesmo muito pouco tempo, podem explorar a cidade facilmente por vossa conta com a ajuda de um Lonely Planet ou American Express. Por acaso até fizemos um bom negócio com um pseudo-guia de tuk-tuk que nos levou a 3-4 templos a um preço quase irrisório de 3 euros por 4 horas mas há que recusar que nos levem a alguma agência de turismo pois algumas nem são credenciadas, ou ainda a uma série de lojas sem interesse onde eles próprios têm uma comissão. Como qualquer outro tipo de país deste género temos SEMPRE que saber ou ter uma ideia definida para onde vamos e os locais que queremos visitar para evitar dissabores e mesmo perdas de tempo. Para tal devemos vincar SEMPRE a nossa posição e a nossa intenção e tentar faze-lo de uma maneira cordial e simpática, com um sorriso nos lábios mesmo que estejamos a perder a paciência. Quando estamos num país tão diferente do nosso, esta regra é fundamental para conseguirmos resolver mais rapidamente todas as situações que nos se deparam. Acreditem que daí a 10-15 minutos já estarão a gozar de um momento ou local lindíssimo que vos vai fazer esquecer qualquer stress anterior.































Em Bangkok muitos são os locais de interesse a visitar e como tal 4-5 dias são necessários. Temos: o Grande Palácio e Wat Phra Kaeo, ricamente decorado com os seus dourados e as figuras míticas absolutamente encantadoras; o Wat Pho e o seu gigantesco Buda Reclinado; o caos e agitação do Bairro Chinês que nos transporta momentaneamente para uma qualquer cidade chinesa; Patpong - o bairro do sexo perfeitamente seguro na sua rua principal que tem também um excelente mercado nocturno; o Wat Arun, um antigo templo hindu-budista que permite uma bela vista sobre a cidade; as revigorantes e obrigatórias massagens tailandesas (escolham sempre as casas mais movimentadas das zonas turísticas ou os distintos institutos credenciados e mais populares); o enorme mercado de Chatuchak que se realiza todos os sábado e sem duvida um dos maiores e mais variados do mundo (é um dia inteiro e não vemos tudo); o mercado flutuante de Damnoen Saduak, menos turístico, é muito interessante e uma experiência imperdível ainda que fique quase a 100kms de bangkok mas através de uma agência contratada na Khao San Road pode ser visitada numa excursão de meio-dia (1.200 baht por 2 pessoas. As outras propostas de um dia inteiro para parques de cobras ou crocodilos não são tão interessantes).



































Cambodja
Em Bangkok, numa das muitas agências de turismo das ruas mais turísticas, contratámos uma agência para a nossa rápida incursão ao Cambodja. O preço de 3.200 baht/pessoa incluíam visto, viagem de carrinha de 9 lugares moderna até à fronteira e depois da fronteira até Siem Reap no Cambodja e estadia de 2 noites nessa cidade, e depois todo o regresso até Bangkok. Bom… aqui e pela 1ª vez fomos realmente enganados pois tínhamos os vistos e realmente levaram-nos até à fronteira com o Cambodja mas aí… largaram-nos à nossa sorte sem guias nem transporte. Tivemos que esperar 3 horas por um velho autocarro local a cair de podre, sem quaisquer condições e numa viagem que durou umas 7 horas para fazer apenas 200kms pois com a chuva e o mau estado do piso trata-se da pior estrada principal de acesso a uma capital de todo o sul da Ásia. Ao nível do pior que já passei na Índia. Mas até dava para rir por entre os saltos no banco duro do autocarro e por entre o furo e outras peripécias. Uma incrível aventura!


















Neste caso acho que a viagem de avião desde Bangkok é mesmo a melhor opção por várias razões incluindo a poupança de tempo. Mas as peripécias não se ficavam por aqui pois quando chegámos a Siem Reap e fomos ao hotel contratado, este era realmente mau… muito mau e eu já dormi em sítios verdadeiramente beras. Eram cerca de 11h da noite e … mais uma discussão com o dono do hotel e um pseudo-guia que era o contacto da agência no Cambodja. Andámos mais 1-2 horas à procura de um hotel mais digno e com algum custo lá encontrámos a pagar do nosso bolso.
Mas o dia seguinte ia repentinamente aniquilar todo este stress e confusão do dia anterior pois estávamos prestes a visitar o Inigualável: Angkor Wat. Por 10-15 dólares contratámos um tuk-tuk para andar connosco todo o dia pois o complexo fica a alguns kms da cidade e entre os edifícios do próprio complexo as distâncias são um pouco longas para serem percorridas só a pé! O bilhete adquire-se na entrada e custa 20 dólares por 1 dia inteiro. Se chegarmos bem cedo e usando um tuk-tuk, 1 dia acaba por chegar para ver e aproveitar o belo Angkor.
Angkor Wat é um complexo imenso, vestígio de uma grande cidade do povo Khmer com todos os seus edifícios públicos e religiosos do sec. XIII.















O povo Khmer liderado pelo rei Suryavaman II era muito poderoso e evoluído para a época e expandiu o seu domínio e império pelos territórios que hoje formam o Cambodja, Laos, Vietname, Birmânia. Para marcar esse poder e domínio este ambicioso rei mandou erguer naquela zona pantanosa e fértil, aquele que é o maior complexo religioso do mundo. Começou por ser um grande templo hindu mas com as muitas transições ao longo dos séculos já foi budista e outras religiões menos conhecidas. Angkor Wat está divinalmente decorado com milhões de esculturas nas suas extensas paredes retratando episódios míticos, religiosos ou feitos históricos do seu povo. O detalhe e perfeição são tais que ficamos hipnotizados com esta riqueza. Creio que nenhum povo naquela altura estava ao nível desta perfeição e riqueza artística. Este enorme complexo histórico é, para mim, uma das verdadeiras maravilhas do Mundo e a mais bela que já vi até hoje!



















































Ficámos 2 noites em Siem Reap mas o ideal é ficar mais 1-2 noites e explorar as redondezas. Na cidade também é interessante visitar e fazer umas compras no típico mercado local. De regresso a Bangkok retomámos o stress pois a viagem que tinhamos pago de regresso, como era de esperar, não era válida logo tivemos que enfrentar a fila e quase lutar por 2 lugares no velho autocarro. Demorámos mais de 3 horas para sair da cidade e depois mais umas horas até a fronteira.



















Chegados a Bangkok fui reclamar com a agência ameaçando que chamava a polícia e apresentava queixa no instituto do turismo. Com alguma discussão e telefonemas lá me devolveram parte do dinheiro argumentando que teria sido a congénere agência do Cambodja que tinha falhado. Um conselho importante é definir muito bem o trajecto, os sítios onde ficam, a qualidade dos mesmos e principalmente levar vários contactos da agência e ainda ficar sempre com um duplicado da factura da excursão onde esteja escrito todos os pormenores. Mesmo que quando estejam a mostrar a factura num dos autocarros não lhes dêem a única factura para a mão pois podem precisar dela para comprovar os serviços seguintes. Se tiverem que pagar algo adicional que estava inicialmente pago guardem os talões e facturas para poderem exigir a restituição do dinheiro.
De novo em Bangkok rumámos a norte para a antiga capital Ayutthaya a cerca de 150kms. Fomos de comboio numa viagem tranquila e relativamente rápida. Em Ayutthaya é muito fácil encontrar um albergue ou ghest-house simpático e confortável. Nós ficámos na Chantana House. A cidade está repleta de antigas ruínas da antiga capital do país durante o sec. XV guardadas por inúmeros budas sentados, deitados, reclinados.
















Alguns dos templos são muito interessantes outros demasiado degradados. Dá para explorar a cidade tranquilamente a pé ou de bicicleta alugada pois é praticamente plana e até dá para fazer pequenas viagens no dorso de um elefante.
































De Ayutthaya fomos de comboio, numa viagem de um dia, até PakChong para visitar o parque natural de Khao Yai, um dos maiores do país. Nesta cidade é complicado encontrar a carrinha de caixa aberta que nos leva até à porta do parque. Normalmente esta carrinha situa-se na esquina da loja de conveniência do Seven Eleven. O Parque de Khao Yai é pura selva com todo o tipo de bicharada (aves exuberantes, cobras, macacos, elefantes, lagartos, escorpiões, tigres, gamos, búfalos, sanguessugas, etc) logo convém contratar um guia no próprio parque para um tour de 2-3 horas e comprar uns acrescentos de pernas onde os bichos não conseguem tocar na perna directamente.




































Com os guias estamos relativamente seguros pois eles sabem lidar com os vários tipos de animais e plantas. A possibilidade de ver tigres é muito remota e ver elefantes selvagens também é complicado mas a diversidade de outros animais, a exuberância da flora da selva e todos os seus barulhos já compensam. Foi uma experiência incrível para mim e menos entusiasmante para a Ana que ficou na sede do parque a aguardar (porque será??). Para regressar à cidade é só ir até à entrada do parque e mandar parar uma das carrinhas de caixa aberta que servem de autocarros locais e que por um preço irrisório param em todo o lado. É perfeitamente seguro pois vamos com as pessoas normais locais que vão para a escola ou para os seus empregos.
Outro dos pontos interessantes indicados pelos guias é o templo dos tigres, onde monges budistas recolhem tigres feridos ou órfãos e tratam deles como se fossem gatos mansinhos. Em Ayutthaya estivemos somente 2 noites e comprámos aqui a viagem de autocarro desde Bangkok para as praias do Sul e já incluindo a viagem de barco para a ilha paradisíaca de Kho Phangan.

Ilhas do sul
Fomos de comboio até Bangkok e depois de autocarro até Naton/Shuri Thani onde fomos de catamarã até ao nosso destino – Kho Phangan. Queríamos uma ilha pouco turística para podermos descansar a preços mais acessíveis e sem confusões. Kho Samui e Kho Phangan são boas opções. As águas são cristalinas, quentes, as areias brancas e finas, as palmeiras e coqueiros fornecem a sombra e dispõe de uma fantástica diversidade sub-aquática de corais onde podemos fazer snorkeling sem sequer alugar barcos ou outros equipamentos. É só mergulhar com uns simples óculos e tentar não pisar os recifes. Escolhemos a praia de Haad-Yao mais a norte da ilha e antes de chegar a Ko Ma.





















Ficámos nuns bungalows muito recentes a 100 mt da praia (Shiralea Resort Bungalows), muito tranquilos, asseados, com WC, água quente, com piscina, sem ar condicionado mas uma suficiente ventoinha, uma cama de rede no alpendre, sem pequeno almoço (é normal fazerem sem pequeno almoço mas este é baratíssimo), e isto tudo por… cerca de 12 euros dia/bungalow. O paraíso a preço da chuva! Ahhh… e chuva apanhámos apenas no ultimo dia e durante a noite, pois os restantes dias foram muito quentes e a própria água do mar é muito agradável. Junto aos bungalows dispúnhamos de cerca de 8 restaurantes e como tal não necessitávamos de nos deslocar muito para uma barata refeição numa mesa em plena areia junto à água, com os pés no mar… delicioso!



















Ficámos 6 noites nesta praia e acabámos por não visitar mais ilhas pois achámos que esta tinha tudo o que procurávamos principalmente o descanso e a paz. Para quebrar um pouco esta aborrecida vida de praia, massagens, cocktails debaixo da palmeira e mergulho alugámos uma moto por 2 dias e demos umas voltas completas à ilha onde visitámos outras praias, umas quedas de água e demos um passeio num dos típicos barcos em Ko Ma (alugado na praia de pescadores mesmo antes desta conhecida praia) e que durante 2 horas nos mostrou outros recantos deste mar maravilhoso e nos permitiu fazer snorkeling noutro local bem conhecido para o efeito. Para quem faça mergulho é possível fazer tours para poder ver o grande mas pacifico tubarão baleia e poder tocar-lhe.



















Após todo este merecido descanso e para nossa tristeza, lá tinhamos que regressar à realidade. Desta feita fomos de catamarã até Shura Tahni e daí fomos de comboio até Bangkok durante a noite. É mais demorado mas deu para dormir bastante na viagem. De Bangkok voámos até Amesterdão e daí para Lisboa.
Foram mais umas excelentes férias num país muito simpático e preparado para receber o turista. Desta feita conseguimos aliar a aventura da mochila nas costas, a exploração da história e cultura tailandesas, a exploração do majestoso Angkor Wat com o descanso e a tranquilidade de uns bons dias nas praias paradisíacas do sul da Tailândia. São umas férias altamente recomendáveis, principalmente para os recém aventureiros nestas andanças dos países asiáticos.

1 comentário:

  1. OLÁ DANIEL, ESTÁ EXCELENTE, ESPERO QUE 1 DIA ESTE TEU DOCUMENTARIO DÊ EM 1 LIVRO, ESTÁ MESMO EXCELENTE, PARABÉNS PELO TEU TRABALHO, E QUE TENHAS MUITA SAUDE PARA PODERES CONTINUAR A ACRESCENTAR MAIS IMAGENS LINDAS DO NOSSO PLANETA, DESTE AMIGO NÃO DE SEMPRE MAS PARA SEMPRE. BEM HAJAS, FERNANDO SARAMAGO

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