terça-feira, 16 de junho de 2009

Argentina, Chile e Peru (2007)

Partimos a 8 de Julho de 2007, naquela que seria a maior e mais longa viagem realizada até então. E não era para menos pois seriam cerca de 30 dias para visitar países tão distantes e grandiosos como a Argentina, o extenso Chile ou o acidentado Peru.
A viagem começou com algumas peripécias pois o caos que se vivia no tráfego aéreo da América do Sul nesse ano levou a que ficássemos uma noite em Madrid para no dia seguinte podermos rumar até Buenos Aires na Argentina.

Argentina

Chegados a Buenos Aires perto da meia-noite já tínhamos o hotel marcado (Mari Plaza) e apanhámos um táxi desde o aeroporto. Na viagem, de cerca de 20kms, íamos tendo um acidente e grave onde o condutor do táxi distraído fez uma rasante a um carro que subitamente estava parado em plena auto-estrada. Foi um susto que demorou mais de uma hora a esquecer. Por momentos imaginei esta viagem terminada mesmo antes de começar. Mas parece que a sorte estava do nosso lado e nada de grave aconteceu desde aí.
Só na manhã seguinte pudemos visitar Buenos Aires e sentir também as baixas temperaturas que se fazem sentir nessa altura do ano. A capital argentina revelou-se ainda mais apaixonante e envolvente do que estávamos à espera. Este deve ser o local mais parecido com a Europa fora do velho continente, e a tantos milhares de quilómetros de distância. Será em grande parte devido à religião mas também à arquitectura europeia dos edifícios, às feições dos rostos na rua, as roupas e tendências de moda de quem passa por entre a multidão.




































A cidade emana um ar muito clássico, muito limpo, com todos os apaixonantes cafés e danceterias e suavemente embalada pelo ritmo romântico do Tango que outrora deu um ar ainda mais envolvente e cinematográfico a esta cidade. Temos ainda muitos pontos de interesse para visitar onde se incluem as grandiosas catedrais e edifícios estatais, as danceterias de espectáculos de Tango e claro… o Bairro da Boca! A Boca é um local perto do porto da cidade que dali se desenvolveu e cresceu sendo uma zona um pouco perigosa após o anoitecer mas que encerra a parte mais viva, mais vibrante e mais alegre de toda a cidade. Durante o dia e nas zonas mais movimentadas não existe qualquer perigo. Vive-se a paixão pelo futebol com os murais do Rei Maradona e com o estádio do Boca Juniores ali tão perto e também a paixão pelo tango que se ouve e dança pelas ruas. El Caminito também é um local de culto e obrigatório nesta zona. É certo que é um pouco turístico mas permite viajarmos um pouco no tempo e conduz-nos para um ambiente algo místico onde os ritmos do tango animavam a vida das gentes pobres que viviam da actividade portuária.


































As casas coloridas com chapas de zinco têm a sua origem nos restos de chapas e tintas de cores berrantes que sobravam das pinturas e reparações dos navios. Buenos Aires é uma das capitais mais desenvolvidas de toda a América Central e América do Sul.
Mas não deixámos esta vibrante cidade sem antes eu ter conseguido perder a carteira com algum dinheiro e com todos os cartões de crédito e cartões bancários. Felizmente o passaporte estava com a Ana, bem guardado!
Tal como nas restantes viagens que iríamos fazer utilizamos o autocarro para nos deslocarmos pelo país. São muitos e bons os autocarros que percorrem toda a Argentina. São autocarros de luxo com cadeiras-cama rebatíveis e até serviço de hospedeira com refeições a bordo. Viajámos sempre de noite para aproveitarmos o tempo ao máximo e ainda poupávamos no alojamento. A Argentina quase não tem comboios, o que não se percebe dadas as extensas planícies que dominam neste enorme território.
A nossa primeira viagem desde Buenos Aires foi com destino a norte, para Puerto Iguaçu para podermos visitar as famosas Cataratas de Iguaçu. A viagem durou umas 13 horas pois os quilómetros eram muitos. Na pequena cidade de Puerto Iguaçu ficámos no El duende Rojo, um pequeno e simples albergue com alguns dos quartos partilhados, com cozinha comum e um pátio que permite sempre o convívio entre os turistas e para conhecer pessoas de todos os cantos do mundo. De autocarro local partimos para o Parque Nacional de Iguaçu. Não é necessária uma excursão organizada, basta apanhar o autocarro na estação. As cataratas de Iguaçu não são as mais altas mas são as mais extensas do mundo e umas das mais bonitas pois estão rodeadas pela floresta tropical. Servem também de fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. Os 3 países ali tão perto separados por alguns metros de quedas de água. Ao entrarmos no parque e ao aproximarmo-nos das quedas de água o incrível barulho da agua chegava a assustar.





































No ar viajam os borrifos e a frescura da água transportada pelo vento. As quedas de água sucedem-se e algumas atingem quase uma centena de metros de altura. Destaque para a Garganta do Diabo que “engole” de uma maneira assustadoramente bruta milhares de metros cúbicos de água por minuto. Por entre a selva que rodeia a área podemos ver muitos animais, insectos, repteis e ainda os curiosos e atrevidos tapuis.
Não visitámos as cataratas do lado brasileiro mas a sensação com que ficámos é que do lado argentino elas são mais extensas e com mais motivos de interesse.
Um dia, dois dias chegam para visitar as cataratas que valem todos os quilómetros e horas de caminho… pela grandeza e pela força pura e bruta da natureza no seu estado mais indomável. É sempre um espectáculo inesquecível!






















De Puerto Iguaçu rumámos de novo a Sul para Puerto Madryn no extremo sul do país. Foram alguns milhares de quilómetros e 42 horas de viagem (sim… 42 horas). Aqui compensa seriamente uma viagem de avião em voo interno!
Puerto Madryn fica na Península Valdés, na Patagónia Costeira. A cidade é tipicamente sul americana , com ruas largas perpendiculares, muitos cartazes publicitários, casas baixas… mas muito pacata e acolhedora.
Esta zona da Patagónia é incrivelmente rica em fauna e diversidade animal, principalmente as espécies costeiras, desde aves a pinguins, focas, orcas, baleias, elefantes marinhos, lobos marinhos, etc. É como estar num programa do BBC Vida Selvagem… incrível e inesquecível! E nem é preciso alugar um barco ou fazermo-nos ao mar para avistar baleias, focas, lobos marinhos, pinguins. Basta alugar um táxi ou uma bicicleta e percorrer a costa. As baleias, numa determinada hora das marés pode-se avistar a 10-15 metros da areia da praia de El Doradillo e com qualquer maquina fotográfica simples sacamos umas fotos incríveis.






























Nos meses de Agosto e Setembro não é fácil avistar pinguins e orcas pois estas espécies emigram para regressarem nos meses mais frios. A baleia franca austral é a mais comum, bem como os lobos marinhos e os elefantes marinhos. Ficamos horas a observar as numerosas populações destes animais vendo como interagem uns com os outros, como protegem as crias, como se alimentam, como disputam o seu pequeno espaço… O interior da Patagónia é árido e ventoso, uma das zonas mais inóspitas da terra com a sua beleza singular e rude.

De Puerto Madryn partimos para Oeste no interior com destino a Bariloche, a zona dos lagos gelados e a zona de estancias de sky mais famosas de toda a América. Foram cerca de 6 horas de viagem onde a neve ia pintando de branco todo o cenário e ia acumulando alguns metros de altura nas bermas da estrada. O frio é intenso e difícil de suportar. A cidade de Bariloche é fortemente voltada para o turismo, na sua maioria brasileiros, mas também é uma cidade que faz lembrar as estancias suíças ou Alpes franceses. Está rodeada de lagos lindíssimos que pincelados com o branco da neve criam paisagens dignas dos mais belos postais de inverno. Fizemos um cruzeiro entre os vários lagos circundantes, a bordo do antigo e histórico barco “Modesta Vitória” onde já viajou Che Guevara na sua épica travessia de moto pela América do Sul.


















Nem as temperaturas negativas retiraram a beleza do local e a beleza das paisagens que íamos contemplando neste passeio.
Por todo o lado encontramos um café, em restaurante, uma casa de chá, uma fabrica de chocolate muito acolhedores com as suas reconfortantes lareiras e quentinhos submarinos (leite com chocolate quente). Em Bariloche tivemos 3 dias, 2 noites e partimos para a fronteira com Chile a pouco menos de 80kms.



















No Chile
A nossa primeira paragem foi perto da fronteira com a Argentina, em Osorno, uma cidade simples com o movimento normal de uma cidade fronteiriça. Ficámos apenas uma noite, de passagem para o norte e rumo à capital, Santiago do Chile. Em Santiago deparámo-nos com bastantes dificuldades para encontrar um bom hotel para pernoitarmos.










O Chile é dos países mais caros de toda a América do Sul. Em Santiago temos apenas os hotéis realmente bons mas muito caros e os realmente “maus” com qualidade bastante inferior e não tão baratos quanto isso. Ficámos num hotel um pouco bera, num quarto muito escuro, sem janelas, sem aquecimento (e os dias são muito frios nesta altura do ano), a porta não trancava e fazia-nos companhia uma velha televisão digna de um museu que… não funcionava. O único aspecto interessante deste hotel era a cozinha do pequeno-almoço onde éramos nós que o confeccionávamos e que ficava no terraço envidraçado com uma vista muito boa sobre parte da cidade. Foi mais uma aventura engraçada! Santiago é uma cidade impar principalmente por estar rodeada pelos picos andinos cobertos de neve, que lhe proporcionam uma paisagem surreal e bastante romântica.
































É uma cidade plana com muitos traços e vestígios da arquitectura colonial europeia, mais concretamente espanhola da era do distinto conquistador Pedro de Valdevia. No entanto não é tão charmosa como Buenos Aires pois é mais “fria”, um pouco mais suja e poluída, menos segura mas reserva muitos encantos prontos a serem visitados. O Mercado Municipal principal é muito interessante e podemos comprovar a diversidade de frutas, legumes e peixes dos territórios chilenos.










Tanta é a variedade de peixe e marisco existente que chega a superar os nossos melhores mercados e lotas. Almoçar ou petiscar num dos muitos restaurantes deste mercado é uma excelente opção ainda que um pouco mais dispendiosa. Outros pontos de interesse são: a casa do escritor Pablo Neruda, a Igreja da Sé Catedral ou o funicular ascensor que nos permite ver a cidade de cima e contempla-la tão bem plantada no sopé dos Andes gelados. É curioso ver o manto negro da poluição dos carros que paira sobre os prédios mais altos desta grande cidade. Faltou por realizar uma viagem à “muy cerca” vila costeira de Valparaiso, que serviu de inspiração a tantos e conhecidos escritores chilenos. De Santiago viajámos para norte direitos ao Deserto de Atacama, mais concretamente San Pedro de Atacama. A viagem foi de autocarro relativamente moderno mas sem aquecimento. Foram cerca de 14 horas de viagem com o sono muitas vezes interrompido pelo constante “Pollo al horno” gritado pelos vendedores que entravam no autocarro nas muitas paragens pelo caminho. Não nos vamos esquecer do tão famoso “Pollo al horno” (pedaços de frango no forno)! Pelo caminho apercebemo-nos da maior riqueza do Chile mesmo sem a vermos: o cobre. O Chile é o maior exportador de cobre do mundo e este metal tem vindo a ser extraído nas muitas e enormes minas chilenas, enriquecendo o país.
O Deserto de Atacama é o deserto mais alto e mais árido do mundo pois as correntes marítimas do Pacifico não conseguem passar a altitude das montanhas andinas. San Pedro de Atacama é uma conhecida e turística vila do deserto e permite explorar as belas zonas circundantes. Temos vulcões, lagos de sal secos, aldeias ayamaras, gheisers... e acima de tudo uma esplendorosa e singular paisagem desértica quase extra-terrestre.




































De dia faz bastante calor, mas suportável nesta altura do ano, e à noite a temperatura pode descer até aos 0 graus. Fizémos uma viagem de 4x4 pelas zonas mais interessantes e destaco a beleza inesquecível do pôr do sol no lago salgado do Salar de Atacama. Muitas são as fotos que se tiram nesse momento com os muitos flamingos rosa que, elegantemente completam a paisagem. O céu fica completamente vermelho como que manchado de sangue vivo! Isto não é exagero: É o mais belo pôr-do-sol a que já assisti e relembro-o muitas vezes!




































Na vila de San Pedro a oferta de hotéis, albergues, campismo e restaurantes abunda e a própria vila dispõe também de alguns pontos de interesse nomeadamente a pitoresca igreja e o museu da vila com muitos artefactos dos povos do deserto, incluindo múmias e toda a história envolvente. Eram povos muito ricos e desenvolvidos para a época quase rivalizando com os Maias e Incas.

Peru
De San Pedro apanhámos mais um autocarro nocturno até à fronteira com o Peru. Chegámos de manhã e para passarmos a fronteira temos que ir em táxis peruanos, muito velhos compartilhados por mais pessoas e num clima estranho que parecia quase ilegal e de espionagem. Pagamos 1º e lá vamos com uns peruanos carrancudos e pouco simpáticos numa estrada degradada e num carro velho. É notória a maior desorganização das entidades Peruanas logo na fronteira. É outro país à parte mas mais perto da verdadeira América do Sul sub-desenvolvida. Já no Peru fomos de autocarro até Puno. Há que escolher bem um autocarro mais ou menos moderno e turístico pois caso contrário demorarão o dobro do tempo com o triplo do “sofrimento”. Puno é uma cidade relativamente tranquila, com algum movimento típico das cidades sul americanas mas o seu ponto forte é servir de base para exploração do Lago Titicaca.



















O maior e mais elevado lago navegável do mundo. É um lago enorme com muitas ilhas com povos muito singulares e interessantes para visitar. Contratámos uma agência em Puno uma excursão de 2 dias de barco pelo lago com visitas às ilhas flutuantes dos Uros, Ilha Amantani e Ilha Taquille. Os habitantes destas ilhas fugiram para o lago aquando as conquistas espanholas e como tal preservaram a sua rica e distinta cultura bem como alguns aspectos da sua religião pois é uma mistura de cristianismo com devoção aos deuses da terra ou mesmo animais. Ao chegarmos à ilha de Amantani somos distribuídos em grupos de 2-3 pessoas por cada uma das famílias locais para passarmos a noite nas suas casas e tomarmos as refeições com eles. A nós calhou-nos a família da simpática Violeta. É uma experiência fantástica e quase única na vida que nos faz relembrar a importância das pequenas coisas e das coisas mais simples. Não há carros, não há electricidade, WCs, agua canalizada, cafés, bares ou restaurantes. Mas temos a riqueza e a simpatia daquelas famílias onde os mais antigos nem sequer falam espanhol, apenas o queshua.








































Lavamo-nos com agua do alguidar, e comemos junto ao lume onde nos fazem uma deliciosa sopa, uns tubérculos com queijo gratinado acompanhado com um chá de coca. Apesar de muito simples as condições de higiene são sempre garantidas pois é um dos requisitos dos agentes turísticos. Convém levar sempre de Puno alguns artigos necessários para as famílias (sal, açúcar, arroz, massa) e alguns pequenos brinquedos ou livros para as crianças.
A altitude pode ser uma dificuldade para os turistas e as dores de cabeça e tonturas podem ser frequentes pelo menos nos 1ºs 2-3 dias até nos habituarmos. Mascar folhas de coca ou beber o seu chá é uma das soluções e usada pelos nativos desde sempre. Não há que ter medo, são apenas folhas e não é nenhuma droga, nem sentimos qualquer efeito dopante. É um vasodilatante muito útil para a altitude e faz parte da própria cultura destes povos andinos desde há séculos. Ainda em Amantani vestimos umas roupas coloridas tradicionais e fomos para o único local da aldeia onde tinham um gerador e uma banda a tocar. Era um bailarico típico, ainda que preparado para os turistas que pernoitavam na ilha, mas foi engraçado e animado e uma boa oportunidade para conviver com os locais. De seguida tivemos a oportunidade para presenciar uma festa religiosa bem mais típica, com as pessoas a saltarem fogueiras enquanto entoavam cânticos e dizeres queshuas. No dia seguinte embarcámos para a Ilha Taquile de costumes mais vincados e arquitectura mais rica. Os homens não se cumprimentam com um simples “Bom dia” mas sim com a troca de 2-3 folhas de coca que tiram das suas bolsas bordadas e recebem-nas nunca directamente com as mãos mas sim num canto dos seus mantos coloridos ou lenços. Nesta ilha são os homens que tecem a lã e tricotam os mantos, barretes, faixas, lenços, etc. Estas faixas que enrolam na cintura têm um padrão diferente por cada família e passam de pais para filhos durante muitos anos. As mulheres tecem a lã que extraem das alpacas (um lama mais domesticado) e dos próprios lamas. Depois são tingidas com as mais variadas e vivas cores que dão a característica própria a todo o Peru, Bolivia ou Paraguai.


















Estas ilhas foram uma agradável surpresa e superaram as nossas expectativas. Retornando a Puno, acordamos com a notícia do grave sismo registado em Lima e na zona de Nazca. Teve uma magnitude de 8 graus na escala de Ritcher e fez cerca de 600 mortos o que deixou em pânico os nossos familiares em Portugal. Já informados e tranquilizados prosseguimos para Cusco, a capital Maia. Fomos de autocarro com um recente amigo de viagem italiano: Francesco, que nos acompanhou até ao final da viagem. Há a possibilidade de fazer esta viagem de comboio onde a paisagem, dizem ser incrível e altamente recomendável. É um pouco mais cara e demorada e como tal optámos pelo autocarro e fazer de dia dando assim para gozar da bela paisagem na mesma.
Cusco situa-se nos 3.400 mt e goza de uma mistura muito interessante da cultura espanhola e os Incas. Muitos dos edifícios espanhóis estão construídos sobre os resistentes alicerces Incas. Por todo lado vamos tropeçando nos vestígios destas 2 culturas tão distintas, sendo que maioritariamente prevaleçam os edifícios do colonismo espanhol como a catedral, as igrejas, edifícios públicos, e mesmo as habitações.







































É fora de Cusco que surge o maior e mais vasto legado do Império Inca. Os Incas expandiram-se por grande parte da América do Sul (Equador, Peru, Bolivia, Argentina, Chile) durante o ano de 1200 até 1530, aquando as conquistas espanholas. Povo muito evoluído e poderoso, sábios da agricultura, irrigação, arquitectura, astronomia. Veneravam o deus Sol, o Deus Terra (Pachamama) e Pachapapa. Existem excursões organizadas ou se pretenderem podem ir completamente à aventura, partem de Cusco com destino obrigatório a todo o Vale Sagrado dos Incas. Aqui temos: as ruínas de Pisac, Ollantaytambo, a simpática aldeia de Chinchero e o conhecido Machu-Pichu. Para mim Pisac é ainda mais bela e rica que Machu-Pichu e igualmente magica. Ao chegar a estas ruínas e por entre um nevoeiro fugaz, entoava no vale o som de uma flauta peruana que automaticamente serviu como maquina do tempo e me catapultou para uma época onde aquelas grandiosas construções estariam habitadas por milhares de incas numa sociedade disciplinada e organizada. Era exactamente aquilo que eu vinha à procura e ambicionava e agora… estava ali!


















Chinchero é uma linda e simpática aldeia com uma igreja que tem no tecto os únicos frescos incas do mundo numa estranha mistura de queshua com cristianismo. A cidade de Ollantaytambo também é muito interessante e revela toda a capacidade e sabedoria agrícola dos Incas, bem como as avançadas técnicas de arquitectura e de irrigação. De volta a Cusco dá para recuperar energias e descansar pois a cidade é muito calma e tem todas as infra-estruturas turísticas necessárias com bons albergues, bons restaurantes, bares, igrejas e museus para visitar. Destaco o Museu Inca com a melhor e mais vasta colecção do mundo sobre este povo, o mercado local, as muitas igrejas dispersas pela cidade, o Convento de Santo Domingo construído sobre as ruínas Incas e a Catedral principal com todo o seu altar em ouro maciço (dá para imaginar a quantidade de ouro que os espanhóis encontraram nestas terras pois as igrejas são riquíssimas). Pena que se explore um pouco o turista pois para tudo é necessário pagar, inclusive qualquer simples igreja… é um abuso!
Abuso é também a exploração para se poder visitar o Machu-Pichu. Então é assim: Machu-pichu está a cerca de 50kms de Cusco e só há 2 formas de o alcançar: de comboio ou a pé, nos famosos trilhos Incas. Existem 2 comboios mas os turistas só podem ir num deles pois o outro é para os locais. O dos turistas custa cerca de 80 euros (?!?!?) ida e volta e o dos locais, qualquer coisa como 3-4 euros. O comboio tem a sua paragem final em Aguas Calientes, que é a vila no sopé de Machu-Pichu e depois saímos em autocarros normais até lá acima (12 dólares ida e volta). Para entrar no Machu-Pichu desembolsamos cerca de 25 euros. Podem-se adquirir os bilhetes no próprio complexo sem grandes complicações pois grande parte já trás os seus bilhetes. Existem muitas agências em Cusco que organizam toda a viagem, com entradas e tudo. Eu fiz por minha conta mas não poupei muito dinheiro com isso (apenas cerca de 15 euros). Uma nota muito importante para quem opta pelo comboio é que tem que marcar esta viagem o mais cedo possível e assim que chegar a Cusco ou mesmo antes pois o comboio esgota sempre nos 2-3 dias seguintes. Para fazer o trilho a pé (excelente aventura), contacte uma das agências de Cusco que dispõem de 2 opções: 4 dias de caminhada ou ir nas carrinhas dos Tours turísticos até metade do caminho e fazer apenas 2 dias de caminhada. A paisagem até Machu-Pichu é incrível e muito bela e a pé dá para desfrutar ainda mais.
Já em Machu-Pichu, uma das 7 novas Maravilhas do Mundo, a principal beleza é a própria paisagem envolvente pois esta antiga cidade descoberta apenas em 1930, está situada no cume de uma montanha (2.400 mt) cercada por verdejantes vales e por outros cumes rochosos. Rodeada de um nevoeiro ligeiro que lhe dá um toque mágico e misterioso.












































Alguns dos edifícios estão muito bem conservados e só lhes falta os tectos. Temos templos de devoção ao sol, calendários astronómicos esculpidos na rocha e temos as casas dos vários estratos sociais da altura. É mesmo uma das maravilhas do nosso planeta e merece essa distinção! Pena é que, a afluência de turistas é imensa e exagerada e vai, de certeza, comprometer a preservação deste importante património. De Cusco, fizemos a longa viagem de regresso para Portugal. Voámos de Cusco para Lima, nem saímos do aeroporto e embarcámos num voo para Buenos Aires. De Buenos Aires voámos para Madrid e de Madrid, finalmente para Portugal…. Ufffff!!! Foram mais de 30 horas em viagem mas obviamente valeu a pena e ficam recordações e memórias para toda a vida: as baleias, as focas, os leões marinhos e a beleza das paisagens da Patagónia Argentina, o Deserto de Atacama no Chile, o pôr do sol no lago salgado de Atacama, a simplicidade e hospitalidade dos peruanos do Lago Titicaca, a riqueza da cultura Inca, Cusco, Pisac, Machu-Pichu…

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